quarta-feira, 6 de julho de 2016

Oque é errado?


O que é errado ou certo de fato?
Certo e errado... mas e o resto?
Acho que essa pergunta resume a vida.

Certo e errado são convenções que foram implantadas em nossa mente, dia após dia, desde quando nascemos, representadas por meia dúzia de atitudes.


Certo é ser gentil, respeitar os mais velhos, seguir uma dieta balanceada, dormir oito horas por dia, lembrar dos aniversários, trabalhar, estudar, casar e ter filhos, certo é morrer bem velho e com o dever cumprido.

Errado é dar calote, repetir de ano, beber demais, fumar, se drogar, não programar um futuro decente, dar saltos sem rede.

Todo mundo de acordo?

Todo mundo teoricamente de acordo, porem a vida não é feita de teorias.

E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso?

Desejos, impulsos, fantasias, emoções.

Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado.

Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós.

Somos maduros e ao mesmo tempo infantis, por trás do nosso autocontrole há uma inquietação incontrolável.

Possuímos uma criatividade insuspeita: inventamos musicas, amores e problemas, e somos curiosos, queremos espiar pelo buraco da fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram.

O amor é certo, o ódio é errado, e resto é uma montanha de outros sentimentos, uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam as regras do bom comportamento.

Há bilhetes guardados no fundo das gavetas que contariam outra versão da nossa historia, caso viessem a publico.

Todo o resto é o que nos assombra:

as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos que não obedecemos ou que obedecemos bem demais – a troco de ganhar o título de tão bonzinhos?

Há o certo, o errado e aquilo que nos da medo, que nos atrai que nos sufoca que nos entorpece.

É nossa fome por idéias novas, é nosso rosto que se transforma com o tempo, são nossas cicatrizes de estimação, nossos erros e desilusões.

Todo o resto é muito mais vasto.

É nossa "louquice", nossa ausência de certezas, nossos silêncios que ensurdece, a pureza e a inocência que se mantêm vivas dentro de nós, mas que ninguém percebe, só porque crescemos.


A maturidade é um álibi frágil.

Seguimos com uma alma de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo.

Todo o resto é tudo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.


Todo resto é toda nossa miséria e nossa grandeza que nem mesmo nós, temos a real consciência...

Penso eu: que está aí, o tão famoso Mistério da nossa existência.

Forte abraço!
Até a próxima!



                                     Incluindo créditos de Martha Medeiros









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